terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Hip Hop promove inclusão social em escola pública

Hip hop  surgiu, na década de 1970, como uma subcultura  nas áreas centrais de comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas da cidade de Nova Iorque. Mesmo depois de 45 anos do seu surgimento, esse gênero musical continua influenciando muitos jovens. No bairro Santa Maria, em Aracaju, muitos jovens acabam recorrendo ao hip hop como instrumento de expressão das desigualdades sociais. Percebendo a presença constante do hip hop na sala de aula, a professora Maria de Lourdes Oliveira propôs aos alunos do Colégio Estadual Vitória do Santa Maria investigar essa tendência musical no bairro.

A professora Maria de Lourdes conta que o projeto desenvolvido também é um forma de mostrar que, mesmo o bairro sendo rotulado como violento e marginal, há coisas boas que também são desenvolvidos pelos jovens locais. Segundo a professora, muitos estudantes da escola sofrem preconceito diariamente quando deixam as imediações do bairro.

“É a tendência de uma linguagem corporal que eles utilizam, porque toda vez que a gente sai dos limites do bairro Santa Maria e chegamos aos outros bairros, as pessoas olham diferente. Esse olhar diferenciado fez com que a gente se sentisse estimulado para fazer um trabalho e mostrar que o bairro Santa Maria não tem apenas marginal. A gente vai dar visão do que realmente tem no bairro, porque a pessoa só enxerga o bairro como marginal que está à margem da sociedade, que só tem bandido aqui, e não é isso”, afirma Maria de Lourdes.

O grupo de pesquisa surgiu, em 2013, a partir da observação de trabalhos na escola. A professora Maria de Lourdes lembra que, independente da área em que o trabalho era solicitado na sala de aula, os alunos sempre faziam uma apresentação voltada para o hip hop. Esse fato despertou o desejo de investigar mais sobre esse gênero musical.

A professora Maria de Lourdes explica que o projeto começou com uma perspectiva mais ampla. A princípio, os bolsistas do Programa de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBICjr) realizaram uma pesquisa nos Parques da Sementeira e Cajueiros por serem espaços que agregam várias tribos. Os estudantes visitaram os dois parques para observar como esses jovens se comportavam, a linguagem e roupas que eles usavam. Como o projeto ganhou uma grande dimensão, o grupo de estudo decidiu delimitar a pesquisa a grupos da própria escola.

“Nós temos grupos de pagode, hip hop e outros grupos aqui agregados. Nós temos os grafiteiros muito talentosos aqui na escola; mas muitos não chegam perto, porque eles acham que você está invadindo a privacidade deles. Por isso, delineamos o trabalho e fomos chegar mais perto para saber do comportamento e mudanças do estilo de vida desse grupo de hip hop aqui na escola”, conta a professora.

Coleta de dados
O estudante Antônio Giliardo Firmino participou da coleta de dados e conta que se surpreendeu ao aprofundar o estudo sobre o hip hop. “Tinha uma visão superficial sobre o hip hop; mas, quando comecei a estudar, vi que não era só aquilo que eu pensava. Quando estávamos apresentando, percebemos que as pessoas ficavam fascinadas porque conheceram mais sobre este gênero musical”.
Durante a pesquisa, o estudante percebeu que os grupos de hip hop possuem símbolos e costumes muito específicos. “Antes de treinar, eles fazem oração e  têm princípios. Nenhum deles pode ter contato com drogas. Eles têm meios de representação e eles usam símbolos para se apresentarem. Para conhecer esses costumes, nós fizemos uma pesquisa histórico-documental, analisamos vídeos para entender como eles se comportam e, por fim, fizemos a pesquisa empírica que foi realizada diretamente com eles”.

Para Natália Conceição, o projeto de pesquisa trouxe um grande aprendizado e despertou o interesse pela área de Humanas. “Foi muito importante essa pesquisa porque entramos em contato com pessoas e vivenciamos as experiências delas. Aprendi como fazer uma pesquisa científica, o que será muito importante mais na frente; além de despertar um grande interesse na área de Humanas. Gostei muito de estudar Sociologia”.

*Matéria da Revista Pesquisa-SE

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