Hip Hop promove inclusão social em escola pública
O Hip hop
surgiu, na década de 1970, como uma subcultura nas áreas centrais de
comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas da cidade de Nova
Iorque. Mesmo depois de 45 anos do seu surgimento, esse gênero musical
continua influenciando muitos jovens. No bairro Santa Maria, em Aracaju,
muitos jovens acabam recorrendo ao hip hop como instrumento de expressão das desigualdades sociais. Percebendo a presença constante do hip hop
na sala de aula, a professora Maria de Lourdes Oliveira propôs aos
alunos do Colégio Estadual Vitória do Santa Maria investigar essa
tendência musical no bairro.
A
professora Maria de Lourdes conta que o projeto desenvolvido também é
um forma de mostrar que, mesmo o bairro sendo rotulado como violento e
marginal, há coisas boas que também são desenvolvidos pelos jovens
locais. Segundo a professora, muitos estudantes da escola sofrem
preconceito diariamente quando deixam as imediações do bairro.
“É a tendência de uma linguagem corporal
que eles utilizam, porque toda vez que a gente sai dos limites do
bairro Santa Maria e chegamos aos outros bairros, as pessoas olham
diferente. Esse olhar diferenciado fez com que a gente se sentisse
estimulado para fazer um trabalho e mostrar que o bairro Santa Maria não
tem apenas marginal. A gente vai dar visão do que realmente tem no
bairro, porque a pessoa só enxerga o bairro como marginal que está à
margem da sociedade, que só tem bandido aqui, e não é isso”, afirma
Maria de Lourdes.
O grupo de pesquisa surgiu, em 2013, a
partir da observação de trabalhos na escola. A professora Maria de
Lourdes lembra que, independente da área em que o trabalho era
solicitado na sala de aula, os alunos sempre faziam uma apresentação
voltada para o hip hop. Esse fato despertou o desejo de investigar mais sobre esse gênero musical.
A professora Maria de Lourdes explica
que o projeto começou com uma perspectiva mais ampla. A princípio, os
bolsistas do Programa de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBICjr)
realizaram uma pesquisa nos Parques da Sementeira e Cajueiros por serem
espaços que agregam várias tribos. Os estudantes visitaram os dois
parques para observar como esses jovens se comportavam, a linguagem e
roupas que eles usavam. Como o projeto ganhou uma grande dimensão, o
grupo de estudo decidiu delimitar a pesquisa a grupos da própria escola.
“Nós temos grupos de pagode, hip hop
e outros grupos aqui agregados. Nós temos os grafiteiros muito
talentosos aqui na escola; mas muitos não chegam perto, porque eles
acham que você está invadindo a privacidade deles. Por isso, delineamos o
trabalho e fomos chegar mais perto para saber do comportamento e
mudanças do estilo de vida desse grupo de hip hop aqui na escola”, conta a professora.
Coleta de dados
O estudante Antônio Giliardo Firmino participou da coleta de dados e conta que se surpreendeu ao aprofundar o estudo sobre o hip hop. “Tinha uma visão superficial sobre o hip hop;
mas, quando comecei a estudar, vi que não era só aquilo que eu pensava.
Quando estávamos apresentando, percebemos que as pessoas ficavam
fascinadas porque conheceram mais sobre este gênero musical”.
Durante a pesquisa, o estudante percebeu que os grupos de hip hop
possuem símbolos e costumes muito específicos. “Antes de treinar, eles
fazem oração e têm princípios. Nenhum deles pode ter contato com
drogas. Eles têm meios de representação e eles usam símbolos para se
apresentarem. Para conhecer esses costumes, nós fizemos uma pesquisa
histórico-documental, analisamos vídeos para entender como eles se
comportam e, por fim, fizemos a pesquisa empírica que foi realizada
diretamente com eles”.
Para Natália Conceição, o projeto de
pesquisa trouxe um grande aprendizado e despertou o interesse pela área
de Humanas. “Foi muito importante essa pesquisa porque entramos em
contato com pessoas e vivenciamos as experiências delas. Aprendi como
fazer uma pesquisa científica, o que será muito importante mais na
frente; além de despertar um grande interesse na área de Humanas. Gostei
muito de estudar Sociologia”.
*Matéria da Revista Pesquisa-SE
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