Hip Hop promove inclusão social em escola pública
“É a tendência de uma linguagem corporal
que eles utilizam, porque toda vez que a gente sai dos limites do
bairro Santa Maria e chegamos aos outros bairros, as pessoas olham
diferente. Esse olhar diferenciado fez com que a gente se sentisse
estimulado para fazer um trabalho e mostrar que o bairro Santa Maria não
tem apenas marginal. A gente vai dar visão do que realmente tem no
bairro, porque a pessoa só enxerga o bairro como marginal que está à
margem da sociedade, que só tem bandido aqui, e não é isso”, afirma
Maria de Lourdes.
O grupo de pesquisa surgiu, em 2013, a
partir da observação de trabalhos na escola. A professora Maria de
Lourdes lembra que, independente da área em que o trabalho era
solicitado na sala de aula, os alunos sempre faziam uma apresentação
voltada para o hip hop. Esse fato despertou o desejo de investigar mais sobre esse gênero musical.
A professora Maria de Lourdes explica
que o projeto começou com uma perspectiva mais ampla. A princípio, os
bolsistas do Programa de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBICjr)
realizaram uma pesquisa nos Parques da Sementeira e Cajueiros por serem
espaços que agregam várias tribos. Os estudantes visitaram os dois
parques para observar como esses jovens se comportavam, a linguagem e
roupas que eles usavam. Como o projeto ganhou uma grande dimensão, o
grupo de estudo decidiu delimitar a pesquisa a grupos da própria escola.
“Nós temos grupos de pagode, hip hop
e outros grupos aqui agregados. Nós temos os grafiteiros muito
talentosos aqui na escola; mas muitos não chegam perto, porque eles
acham que você está invadindo a privacidade deles. Por isso, delineamos o
trabalho e fomos chegar mais perto para saber do comportamento e
mudanças do estilo de vida desse grupo de hip hop aqui na escola”, conta a professora.
Coleta de dados
O estudante Antônio Giliardo Firmino participou da coleta de dados e conta que se surpreendeu ao aprofundar o estudo sobre o hip hop. “Tinha uma visão superficial sobre o hip hop;
mas, quando comecei a estudar, vi que não era só aquilo que eu pensava.
Quando estávamos apresentando, percebemos que as pessoas ficavam
fascinadas porque conheceram mais sobre este gênero musical”.
Durante a pesquisa, o estudante percebeu que os grupos de hip hop
possuem símbolos e costumes muito específicos. “Antes de treinar, eles
fazem oração e têm princípios. Nenhum deles pode ter contato com
drogas. Eles têm meios de representação e eles usam símbolos para se
apresentarem. Para conhecer esses costumes, nós fizemos uma pesquisa
histórico-documental, analisamos vídeos para entender como eles se
comportam e, por fim, fizemos a pesquisa empírica que foi realizada
diretamente com eles”.
Para Natália Conceição, o projeto de
pesquisa trouxe um grande aprendizado e despertou o interesse pela área
de Humanas. “Foi muito importante essa pesquisa porque entramos em
contato com pessoas e vivenciamos as experiências delas. Aprendi como
fazer uma pesquisa científica, o que será muito importante mais na
frente; além de despertar um grande interesse na área de Humanas. Gostei
muito de estudar Sociologia”.
*Matéria da Revista Pesquisa-SE